Líbano: (Re) Aprender a Viver

Com uma população estimada de 6 184 701 de habitantes e localizado na extremidade leste do Mar Mediterrâneo, na Ásia Ocidental, numa região que liga diretamente com a Europa, o Líbano é um país que tem muita história para dar a conhecer ao mundo. 

As constantes crises, catástrofes e desastres no Líbano na era pós colonial, recordam os 15 anos de guerra civil, a ocupação de Israel ou o domínio do país vizinho, a Síria. 

Quinze anos e meio de guerra civil, duas guerras com Israel e outros múltiplos ataques depois, a capital do Líbano, Beirute, sofreu uma catástrofe que provocou mais de 130 mortos, mais de cinco mil feridos e uma centena de desaparecidos. O navio MV Rhosus, de propriedade Russa, atracou em 2013 no porto de Beirute, e nunca mais saiu daquele local para completar a sua viagem. O navio terá chegado à capital libanesa enquanto viajava da Georgia para Moçambique. Foi impedido de sair do porto em 2014, por questões que ainda não foram totalmente clarificadas, mas que apontam para falhas mecânicas ou para falta de pagamentos. Contudo a Cornelder, empresa gestora do porto da Beira, em Moçambique, negou que “tenha sido notificada que um navio com essas características e carga se destinasse ao país”. Certo é que o navio continha a bordo uma carga de 2750 toneladas de nitrato de amónio, um composto químico que é bastante utilizado no fabrico de explosivos e fertilizantes agrícolas. Surpreendente, ou não, o facto de a situação estar já identificada e ser do conhecimento das autoridades competentes. O ex primeiro-ministro, Saad Hariri, teria, inclusive, conhecimento do caso. Apesar disso nada foi feito entretanto. 

Muito provavelmente teremos as investigações a chegar até às altas instâncias do poder. Até ao momento as investigações para apurar as causas de mais uma catástrofe em território Libanês resultaram em 16 detidos, sendo esses detidos funcionários do porto de Beirute. 

Se o Líbano já vinha a sofrer com uma inflação completamente fora do controlo (o preço dos alimentos disparou, a maioria da população deixou de ter possibilidade de comprar carne ou pão, por exemplo), com a libra libanesa a desvalorizar mais de 80% em relação ao dólar, a situação agravou-se com a pandemia da COVID-19 e com a explosão que veio criar um panorama completamente desolador: as estimativas do impacto desta explosão, apontam para um valor entre os 2,5 e os 4,5 mil milhões de euros. 

Acresce ainda que o Líbano importa cerca de 90% do seu trigo e a maioria desse trigo tinha como ponto de passagem o porto que, agora, se resume a cinzas. Segundo Raoul Nehme, ministro da economia e do comércio libanês, todo esse trigo ficou destruído.

Trata-se, por isso, de uma das maiores crises económicas das últimas décadas, que levam ao congelamento de contas bancárias, despedimentos em massa, falta de rendimentos e muitas dificuldades a serem sentidas pela população Libanesa. 

Perante as sucessivas crises, manifestamente, quem sofre é quem sente e vive esta dura realidade. Os problemas surgem com maior magnitude e são sentidas na população, que clamam por falta de mantimentos, falta de cuidados de saúde e com a urgência primária de obter assistência do ponto de vista financeiro, económico e social. Face a este cenário os libaneses têm saído à rua em protesto contra o Governo chefiado por Hassan Diab (tomou posse no início deste ano com o apoio do Hezbollah). Porém a crise mais grave desde 1990 não tem sido revertida e, além disso, o executivo não tem, até ao momento, conseguido ter êxito nas negociações com o FMI para a obtenção de um empréstimo que iria servir de alavanca às reformas tão necessárias para o país. 

Por isso, a questão mais imediata que se coloca é: que futuro para as gentes libanesas, mais concretamente as de Beirute, colocadas no centro da catástrofe? Terão de aprender a viver num clima de constante inquietação, sobressalto e incerteza?

Mais do que nunca o Líbano precisa de alguma estabilidade, palavra desconhecida até agora pelos sucessivos tiros nos pés dados pelos seus governantes em matérias  tão essenciais como a economia, as finanças ou as questões sociais. Precisa, sobretudo, de líderes responsáveis, que olhem para e pelo seu povo.

Quem protege as mulheres na Turquia? (um breve caso de estudo)

Na foto, duas mulheres, uma turca e outra portuguesa. Uma amizade nascida em Bratislava, na Eslováquia, pelo programa Erasmus+, que perdura até aos dias de hoje e simboliza a união entre as mulheres destes dois países. Foto de 2018, na região da Capadócia, Turquia

A cada semana, uma vítima.

A cada dia, aumenta o sentimento de impotência.

Tem sido este o sentimento que escalou a revolta. Não haverá mais silêncio das mulheres turcas.

O número de mulheres turcas assassinadas por homens tem vindo a aumentar, atingindo um total de 474 vítimas em 2019 (3). Como resposta, usaram as redes sociais para partilhar fotos suas a preto e branco, demonstrando que poderão ser elas mesmas a próxima vítima a surgir nos noticiários.

Foram para as ruas em protesto, pois um voto de pesar do Presidente não lhes chega.

A Turquia situa-se entre a Europa e a Ásia, estando a cidade mais conhecida internacionalmente, Istambul, dividida entre os dois continentes. A religião predominante é o Islamismo (com pequenas minorias de cristãos e judeus) e a língua oficial o Turco.

Entre 1923 e 2018, a Turquia foi uma democracia representativa parlamentar. Contudo, em 2018 o novo regime político baseado num sistema presidencialista deu ao Presidente inúmeros poderes, antes não detidos por este (1). Este poder (praticamente absoluto) levou a que, inclusive, o sistema jurídico seja maioritariamente controlado pelo executivo.

Apesar do país estar integrado em diferentes organizações mundiais, (por exemplo, ONU, OCDE), as questões dos Direitos Humanos têm sido objeto de controvérsia com mais de 1600 julgamentos pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, entre 1998 e 2008. Estas controvérsias levaram a que o seu pedido de adesão à União Europeia, em 1987, ainda não tenha sido aprovado (2).

Em termos de comparação, a Turquia, culturalmente, é muito diferente de Portugal. Porém, algo terrível nos une: a violência contra as mulheres.

Um dos casos mais recentes na Turquia, de junho deste ano, relata a história de uma jovem estudante de 27 anos, Pınar Gültekin, que foi agredida e espancada até à morte sendo depois queimada numa lixeira e coberta com cimento. O conhecimento no país deste caso foi uma nova faísca junto do rastilho que são anos de impotência ao verem notícias de vidas retiradas cedo demais. Com base neste acontecimento, milhares de mulheres começaram a sair à rua em protesto, com medo de serem as próximas (4). Protestam pelo direito a viver.

Poderíamos considerar esta situação idêntica à de Portugal, onde os números de violência doméstica continuam a assustar o género feminino (em 2019 houve um aumento de 40% face a 2018) (5). De acordo com os resultados de um estudo de amostra ampla na Turquia (2015), geralmente, as taxas de violência doméstica contra as mulheres são de 35,5% para violência física, 43,9% para violência emocional, 30% para violência económica e 12% para violência sexual (6). Em muitos casos, o assassino sai impune, sendo que se culpabiliza a vítima como tendo agido por merecer o que lhe aconteceu. Ou que o assassino cometeu algo num momento em que agiu passionalmente. Algo que nos soa familiar. A Beatriz Lebre também teve o fim da sua vida retratado nos media como uma “paixão doente”. Muitas das mulheres que têm divulgado a situação têm recebido comentários cheios de ódio e em alguns casos até de difamação.

Não é apenas uma questão de opressão religiosa, como poderemos pensar pela representação que nos chega da religião islâmica, mas, no entanto, seria injusto e erróneo. O papel da religião é importante, sim, uma vez que é invocado o dever de obedecer da mulher, mas não é um sentimento consensual do país.

Lembremo-nos que todo o ser humano tem direito à vida (7) e violência contra as mulheres é uma violação dos direitos humanos, incluindo o direito à igualdade e não discriminação; os direitos da vida, liberdade, autonomia e segurança da pessoa; direito à privacidade; e o direito a um padrão de saúde acessível. Embora exista uma preocupação generalizada sobre o tema, os programas de prevenção são poucos e distantes na Turquia (8).

A Convenção de Istambul, adotada em 2011, e em vigor em Portugal desde 2014, é um tratado internacional de direitos humanos, incluindo um quadro jurídico abrangente para a prevenção da violência contra as mulheres.

Apesar da Turquia ter sido o primeiro país a ratificá-la, o Presidente pondera agora retirar-se da convenção, espelhando a mesma intenção da Polónia, ou da Hungria que, apesar de ter assinado, recusa-se a ratificá-la (9–11). Isto pode deixar as mulheres ainda mais frágeis, uma vez que a já escassa proteção legal pode tornar-se inexistente. Por isso, uma das intenções das manifestantes é que as autoridades cumpram o dever de colocar em prática a lei nº 6284 daquele ordenamento jurídico.

O que se passa com as mulheres num país, diz respeito a todos e todas nós. Mas agora dirigimo-nos mais às mulheres como nós. Sabemos que por vezes nos sentimos pequenas perante um problema gigante e, por mais cliché que soe, somos mais fortes juntas. A nossa luta é também a luta delas. São mães, amigas, estudantes e pedem apenas para sobreviver e que acabe a culpabilização daquelas que são vítimas. O mesmo que nós pedimos todos os dias.

Cabe a cada um de nós pensar mais no outro. As redes sociais trouxeram muitas coisas, inclusive a possibilidade de serem uma plataforma onde se obtém e partilha informação. Podemos ter 100 seguidores, podemos ter 1000. O que interessa não é o número, mas sim o papel ativo que temos em dar a conhecer o que se passa. E é isso que fazemos aqui, because world needs you, não importa onde estejas.

Deixamos aqui algumas formas simples de ajudar ou onde procurar mais informação:

Plataforma: WE WILL STOP FEMICIDE

Petições:

Referências:
1. Ankara. Recep Tayyip the First – Erdogan inaugurates a new political era in Turkey | Europe | The Economist. https://www.economist.com/europe/2018/06/28/erdogan-inaugurates-a-new-political-era-in-turkey. Published 2018. Accessed August 1, 2020.
2. Parlamento Europeu. Reavaliação das relações entre a UE e a Turquia | Atualidade | Parlamento Europeu. https://www.europarl.europa.eu/news/pt/headlines/world/20170426STO72401/reavaliacao-das-relacoes-entre-a-ue-e-a-turquia. Published 2020. Accessed August 1, 2020.
3. AGOLLI R, AGOLLI L. Preventing and Combating Violence Against Women: Case of Turkey. J Aware. 2020;5(1):71-76. doi:10.26809/joa.5.006.
4. Malekian S. Iranian and Turkish women join black-and-white Instagram challenge – ABC News. https://abcnews.go.com/International/iranian-turkish-women-join-black-white-instagram-challenge/story?id=72084792. Published 2020. Accessed August 1, 2020.
5. APAV. Estatísticas APAV – Relatório Anual. Lisboa; 2019.
6. Gul H. Intimate Partner Violence (IPV) Types Are Common Among Turkish Women From High Socioeconomic Status and Have Differing Effects on Child Abuse and Contentment With Life. North Clin Istanbul. 2020. doi:10.14744/nci.2020.46514.
7. Organização das Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos Humanos. https://www.ohchr.org/EN/UDHR/Documents/UDHR_Translations/por.pdf. Published 1998. Accessed August 1, 2020.
8. Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres. Convenção de Istambul. https://plataformamulheres.org.pt/artigos/direitos-humanos/convencao-istambul/. Published 2020. Accessed August 1, 2020.
9. Ankara. Turkey may consider withdrawing from Istanbul Convention: AKP official – Turkey News. https://www.hurriyetdailynews.com/turkey-may-consider-withdrawing-from-istanbul-convention-akp-official-156247. Published 2020. Accessed August 1, 2020.
10. Murray S. Istanbul Convention: Poland’s plan to quit domestic violence treaty causes concern | Euronews. https://www.euronews.com/2020/07/27/istanbul-convention-poland-s-plan-to-quit-domestic-violence-treaty-causes-concern. Published 2020. Accessed August 1, 2020.
11. Didili Z. Hungary refuses to ratify Istanbul convention on violence against women | New Europe. https://www.neweurope.eu/article/hungary-refuses-to-ratify-istanbul-convention-on-violence-against-women/. Published 2020. Accessed August 1, 2020.

Team Horizon

Os aspetos menos positivos do nosso percurso não têm lugar na sociedade (digital)?

Escolhemos as nossas melhores fotos. Temos muitos amigos, relações perfeitas e festejamos as vitórias.

Não são as vitórias mais valorizadas com as adversidades? As relações só são perfeitas se concordarmos o tempo todo e estivermos em sintonia? E os amigos? Não precisarão de passar por provas de força, distância e tempo para sabermos de que fibra são feitos?

Os pontos menos positivos para serem mostrados, foram, são e serão automaticamente postos de parte pela sociedade? Serão vistos como uma vitimização ou um descuido por parte da pessoa que os deixou transparecer?

E se essa for a sua verdade? A verdade que se torna reprimida pela pressão do próprio e dos outros, e que se revela numa ditadura da felicidade.

Mostrar as coisas boas torna-se vantajoso se funcionar como inspiração, e não como veículo de comparação e inferiorização.

Até aqui foi uma reflexão. Porém, a preocupação surge…

Esta pressão transcende os ecrãs do que é público e invade aquilo que é mais privado. A nossa intimidade não partilhada. O que é suposto ficar dentro de portas, fechado a sete chaves, é suposto porquê?

Estas ideias geracionais levam as pessoas a um isolamento voluntário?

Querem verdadeiramente estar sozinhas, ou têm medo que sejam vistas pelos outros como se tivessem falhado por ligarem ou mandarem mensagem a um amigo: “estou mal, preciso de ti.”

E quando um amigo não chega, parece mal procurar ajuda profissional? A escolha de uma vida que permita reduzir a necessidade de evasão não é certa. A honestidade torna-nos reais.

Sobre permitir-se todo o tipo de emoções.

A capa da Vogue e o estigma (ainda presente) em relação à saúde mental.

A capa não foi bonita. A forma como foi tratado um assunto delicado, mas que deveria deixar de ser tabu, não foi a melhor.

O pedido de desculpas por parte da marca já surgiu, no entanto este texto mantém-se sempre atual.

Infelizmente, urge a necessidade de serem disseminadas ideias opostas àquelas que são disseminadas. A preocupação vai ao encontro do simples facto da interpretação realizada por uma marca, poder ser a mesma que é propagada pela sociedade.

A consciência, os pensamentos distorcidos e as crenças desajustadas serão sempre tópicos a trabalhar.

Temas em que é possível trabalhar! A mudança é sonhada pelos psicólogos, que são os admiradores da ciência do comportamento humano. Mas … ainda assim, outros sonhos persistem.

Um dos maiores sonhos dizem respeito ao aumento da literacia em saúde mental e, consequentemente, a redução dos estigmas e preconceitos.

Não temos como romantizar as coisas, tal como, colorir uma realidade que acarreta sofrimento para muitas e muitas pessoas. Mas temos, podemos e devemos alertar todos para as fronteiras ténues entre o que é considerado normativo e patológico (em linguagem corrente, os normais e os malucos).

Expressões que saem pela boca fora e revelam a desinformação que se faz sentir, dificultam o que não deveria ser uma utopia: a integração!

A partilha de experiências na educação

A educação constitui-se como um direito fundamental e essencial ao ser humano.

Na atual realidade contemporânea e global em que vivemos, a educação torna-se imprescindível, quer num contexto profissional, quer em termos de inclusão social.

Dada a importância que a área da Educação apresenta, e uma vez que se trata de uma das principais áreas de intervenção da World Needs, queremos dar a conhecer o primeiro projeto na área em questão intitulado de “Educação na Primeira Pessoa powered by World Needs”.

Num contexto de partilha de experiências na primeira pessoa, e em formato IGTV, semanalmente, pretendemos transmitir informação direcionada a todos aqueles que pretendem (ou não) ingressar no ensino superior, bem como a todos os que já frequentam este mesmo nível de ensino.

Assim, contamos com a participação de vários testemunhos no sentido de partilharem as suas próprias experiências, abordando temas desde a experiência das aulas à distância em período COVID-19, a ansiedade associada ao alcance da média ideal e até a gestão de tempo enquanto trabalhador-estudante.

Mais do que tentar perceber se uma opinião é mais válida que outra, queremos partilhar momentos, questões e dúvidas, percebendo, no fundo, que podemos estar todos ligados pelas mesmas situações.

Conta com a World Needs e acompanha de perto este nosso percurso, pois a World Needs conta contigo!

World Needs YOU.

Uma ligação a Cabo Verde

Uma das principais áreas de intervenção da World Needs é o voluntariado.

Como sabemos, nos dias de hoje, o voluntariado tornou-se um modo de vida e uma forma diferente de nos oferecermos ao outro, em prol da Humanidade.

Desde a fundação da World Needs, que esteve sempre presente a expansão do projeto para os países de língua oficial portuguesa, em primeiro lugar, por serem países mais próximos à língua mãe do projeto e, posteriormente, para os restantes países que queiram acolher esta nossa missão.

Aliás, desde a fundação desta nossa organização, que um dos principais objetivos para os primeiros 5 anos, trata-se em alargar o projeto ao maior número de países possível.

É por isso que, através do projeto We Are Together da World Needs, em protocolo celebrado com a Associação Eugénio Lima de Cabo Verde, Portugal e Cabo Verde se unem numa parceria estreita de colaboração em projetos entre os dois países, para a partilha de conhecimento, do apoio estrutural que se traduzem em missões humanitárias e de voluntariado em Cabo Verde, sob coordenação das comunidades lá residentes e nos trâmites legais impostos por aquele país.

Esta parceria visa fomentar a relação próxima entre os dois países, por via deste protocolo, no desenvolvimento de uma missão intemporal, que coloque a dignificação humana e o desenvolvimento social (por via da educação, saúde e cultura (científica, tecnológica e social)) em primeiro lugar.

A World Needs tem assim as portas abertas para iniciar a sua missão em Cabo Verde, com a possibilidade de criar parcerias e relações duradouras com entidades locais, que cumpram com os desígnios da nossa missão fundamental e em consonância com os objetivos da Organização das Nações Unidas. 

São motivos mais do que suficientes para que a World Needs se orgulhe do que está a criar, a favor e em prol da Humanidade, sempre como objetivo, e nunca como simples meio.

A missão da World Needs é cooperar para que o desenvolvimento social seja um fator de reconhecimento humano, na promoção da educação, da cultura, da ciência e da solidariedade sob uma perspetiva intemporal e intercultural.

Mais info sobre o projeto aqui.

World Needs YOU.

Depois de mais de 60 dias de confinamento…

Continuo em casa, a manter o distanciamento social.

Estar em confinamento durante mais de dois meses tem um impacto na saúde física e mental de uma pessoa. A maioria de nós somos seres sociais. Gostamos de estar em contacto com pessoas, de abraçar. Gostamos de estar com pessoas de diferentes idades, profissões e com diferentes opiniões que nos tornam muitas vezes mais inteligentes e abertos ao que se passa no mundo.

Para quem está habituado a viver na cidade, vir para o campo em tempos de confinamento é uma faca de dois gumes. Ao mesmo tempo que temos imenso espaço para espairecer e só ouvimos o som dos passarinhos logo pela manhã, sentimos falta da agitação e de ver pessoas diferentes todos os dias. Nestes tempos, nunca um “olá” numa caixa de supermercado foi tão importante. Aprendemos a olhar mais para o próximo, a ver o que ele precisa, a conhecer melhor os nossos vizinhos, mesmo que a 2 metros de distância.

Considerando os tempos que vivemos, a oportunidade de integrar a World Needs nunca foi tão importante e significativa. Ao fim de mais de 60 dias de confinamento, ser chamada a integrar um projeto que pensa nos outros, fundado por voluntários que querem marcar a diferença e com uma energia do “desde que estejamos juntos, tudo se consegue” é acreditar que tudo se vai resolver. Mesmo à distância, conseguimos novamente conhecer pessoas de diferentes idades, profissões e com opiniões fortes de como ajudarmos mais os outros.

Num mundo onde as pessoas estavam a pensar cada vez mais no cada um por si, a World Needs vem mostrar que é possível trabalhar juntos e sermos aliados na busca por um mundo melhor. Demos as mãos na construção de algo magnífico. Como Baden-Powell disse “leave this world a little better than you found it.”

De pessoas para pessoas

A World Needs surgiu numa altura de sobressalto para todos – em pleno surto de COVID-19. Mas foi por ocasião dessa altura que a oportunidade de pensar um projeto, desde Portugal, congregando uma infinita variedade de projetos, agregadores nas mais variadas áreas, se tornou possível.

Foi, praticamente, a junção de conhecimento adquirido ao longo dos anos dos seus fundadores que passou do papel para a prática. E que bom é tornar um sonho realidade.

Uma Organização não-governamental para o desenvolvimento é, por si só, um desafio muito grande: em primeiro lugar, porque deve respeitar, precisamente, a Humanidade nos seus princípios fundamentais; em segundo lugar, porque estamos a desenvolver projetos que são feitos por pessoas para pessoas e, por essa razão, o detalhe e a exigência são pormenores de maior dimensão; e, por último, e não menos importante, colocar amor e alegria em tudo quanto fazemos sem desistir e baixar os braços, torna-se o desafio de todos os desafios.

É por isso que podemos fazer a diferença juntos. Unidos. No esforço. No conhecimento. E na partilha desse conhecimento, em prol do outro, da Humanidade, no geral. Muito como o Rui Madeira e Silva falava nas “bases que estão lançadas para um novo mundo”.

De Portugal, assinalado com um cruz no globo que é a marca da World Needs, saiem movimentos em redor do planeta que terminam num coração, em representação do amor. Esse amor, que se quer espalhado na terra e em toda a parte.

Por essa razão, a World Needs nasce com elementos motivados, capazes e dedicados em querer, de certa forma, ajudar a transformar o nosso mundo. Para melhor. De pessoas para pessoas.

Somos World Needs.

Estão lançadas as bases de um Novo Mundo.

Quem já leu as grandes obras literárias sobre distopias – 1984, Admirável Novo Mundo, Animal Farm, O Processo – estará tentado a fazer um paralelo desses mundos com o mundo em que vivemos, em larga escala influenciado por uma corrente que capitaliza com os sentimentos negativos da população, num círculo vicioso sem fim.

Há alguns factos que facilmente quebram esse círculo vicioso e rapidamente nos fazem ver que nunca a Humanidade esteve tão bem.

Sabiam que, no mundo inteiro, nunca houve tão poucas pessoas em situação de pobreza extrema?

Sabiam que, no mundo inteiro, nunca estivemos numa posição tão boa para erradicar a fome?

Sabiam que, no mundo inteiro, o trabalho infantil nunca foi tão baixo?

Sabiam que, nunca houve tanto tempo de lazer nos países desenvolvidos como agora (i.e., nunca houve tão poucas horas de trabalho nesses países)?

Sabiam que, no mundo inteiro, a esperança média de vida aumentou exponencialmente desde o início do Século XX?

Sabiam que, no mundo inteiro, nunca houve tão poucos casos de mortes maternas?

As bases para um Novo Mundo estão lançadas. Um Novo Mundo melhor, brilhante e livre, muito diferente do Novo Mundo do 1984, escuro e totalitário.

Para isso, temos de deixar de lado as ideologias, as diferenças, as quezílias, a desconfiança e dar lugar à cooperação, à virtude, à ética, à moralidade, à transparência. Espero que todos tenham tido a oportunidade de refletir sobre isto na quarentena e que coloquem na prática esses princípios daqui para a frente.

Esses são também os valores que a World Needs defende. É através desses que a mesma quer mudar o Velho Mundo para que este dê lugar a um Novo Mundo.

Namastê!

Rui

(Adapt)Ação neste tempo de pandemia

A forma de como passamos a olhar para o nosso dia a dia mudou, precisamente, porque fomos obrigados a fazê-lo. Uns mais cedo, outros mais tarde. Mas fácil se entendeu que acabou por ser unânime a conscientização de cada um de nós de que o COVID-19 veio mudar os nossos hábitos de vida. Talvez, e sem qualquer reserva, em alguns casos, para melhor.

Em pouco tempo ficou implícito, para o bem de todos, que o caminho a seguir teria de passar pelo confinamento à nossa habitação e pela adoção do distanciamento social. Ficamos reduzidos ao estritamente necessário, fazendo com que todos (ou a grande maioria) se obrigassem a parar. E talvez o mundo, com esta paragem que se sucedeu, acabou por entender o quão fundamental é o valor de um simples abraço ou de um carinho junto de quem nos é próximo. E que a pressa, muitas vezes, num corre-corre diário, nos afasta daquilo que é mais importante na nossa vida.

O contacto que era de fácil acesso deixou de o ser. Tornou-se digital. Deixou de ser palpável. Tivemos de nos adaptar às condições de um novo quotidiano que, entre a manhã e a noite, na sombra do mesmo tema, repetidamente, se ecoou. Ficamos preocupados e sensibilizados. Porque se trata do nosso povo e porque falamos do direito à vida que deve ser garantido a toda a humanidade. E não há dinheiro algum que pague a vida de um ser humano.

De entre os dados que nos chegam das entidades oficiais, surgem também sinais de esperança de heróis que, incansavelmente, nas várias frentes de batalha, dedicam o seu tempo para proteger, recuperar e salvar pessoas.

São eles agentes do setor alimentar, dos transportes, bombeiros, INEM, forças de segurança, auxiliares e técnicos das IPSS’s, profissionais de saúde, entre todos aqueles que diariamente trabalham para que não falte nada às famílias e para que tudo seja feito para ultrapassar as dificuldades de quem mais precisa. E aqui cabem todos, sem exceção.

Obrigado.