Depois de mais de 60 dias de confinamento…

Continuo em casa, a manter o distanciamento social.

Estar em confinamento durante mais de dois meses tem um impacto na saúde física e mental de uma pessoa. A maioria de nós somos seres sociais. Gostamos de estar em contacto com pessoas, de abraçar. Gostamos de estar com pessoas de diferentes idades, profissões e com diferentes opiniões que nos tornam muitas vezes mais inteligentes e abertos ao que se passa no mundo.

Para quem está habituado a viver na cidade, vir para o campo em tempos de confinamento é uma faca de dois gumes. Ao mesmo tempo que temos imenso espaço para espairecer e só ouvimos o som dos passarinhos logo pela manhã, sentimos falta da agitação e de ver pessoas diferentes todos os dias. Nestes tempos, nunca um “olá” numa caixa de supermercado foi tão importante. Aprendemos a olhar mais para o próximo, a ver o que ele precisa, a conhecer melhor os nossos vizinhos, mesmo que a 2 metros de distância.

Considerando os tempos que vivemos, a oportunidade de integrar a World Needs nunca foi tão importante e significativa. Ao fim de mais de 60 dias de confinamento, ser chamada a integrar um projeto que pensa nos outros, fundado por voluntários que querem marcar a diferença e com uma energia do “desde que estejamos juntos, tudo se consegue” é acreditar que tudo se vai resolver. Mesmo à distância, conseguimos novamente conhecer pessoas de diferentes idades, profissões e com opiniões fortes de como ajudarmos mais os outros.

Num mundo onde as pessoas estavam a pensar cada vez mais no cada um por si, a World Needs vem mostrar que é possível trabalhar juntos e sermos aliados na busca por um mundo melhor. Demos as mãos na construção de algo magnífico. Como Baden-Powell disse “leave this world a little better than you found it.”

De pessoas para pessoas

A World Needs surgiu numa altura de sobressalto para todos – em pleno surto de COVID-19. Mas foi por ocasião dessa altura que a oportunidade de pensar um projeto, desde Portugal, congregando uma infinita variedade de projetos, agregadores nas mais variadas áreas, se tornou possível.

Foi, praticamente, a junção de conhecimento adquirido ao longo dos anos dos seus fundadores que passou do papel para a prática. E que bom é tornar um sonho realidade.

Uma Organização não-governamental para o desenvolvimento é, por si só, um desafio muito grande: em primeiro lugar, porque deve respeitar, precisamente, a Humanidade nos seus princípios fundamentais; em segundo lugar, porque estamos a desenvolver projetos que são feitos por pessoas para pessoas e, por essa razão, o detalhe e a exigência são pormenores de maior dimensão; e, por último, e não menos importante, colocar amor e alegria em tudo quanto fazemos sem desistir e baixar os braços, torna-se o desafio de todos os desafios.

É por isso que podemos fazer a diferença juntos. Unidos. No esforço. No conhecimento. E na partilha desse conhecimento, em prol do outro, da Humanidade, no geral. Muito como o Rui Madeira e Silva falava nas “bases que estão lançadas para um novo mundo”.

De Portugal, assinalado com um cruz no globo que é a marca da World Needs, saiem movimentos em redor do planeta que terminam num coração, em representação do amor. Esse amor, que se quer espalhado na terra e em toda a parte.

Por essa razão, a World Needs nasce com elementos motivados, capazes e dedicados em querer, de certa forma, ajudar a transformar o nosso mundo. Para melhor. De pessoas para pessoas.

Somos World Needs.

Estão lançadas as bases de um Novo Mundo.

Quem já leu as grandes obras literárias sobre distopias – 1984, Admirável Novo Mundo, Animal Farm, O Processo – estará tentado a fazer um paralelo desses mundos com o mundo em que vivemos, em larga escala influenciado por uma corrente que capitaliza com os sentimentos negativos da população, num círculo vicioso sem fim.

Há alguns factos que facilmente quebram esse círculo vicioso e rapidamente nos fazem ver que nunca a Humanidade esteve tão bem.

Sabiam que, no mundo inteiro, nunca houve tão poucas pessoas em situação de pobreza extrema?

Sabiam que, no mundo inteiro, nunca estivemos numa posição tão boa para erradicar a fome?

Sabiam que, no mundo inteiro, o trabalho infantil nunca foi tão baixo?

Sabiam que, nunca houve tanto tempo de lazer nos países desenvolvidos como agora (i.e., nunca houve tão poucas horas de trabalho nesses países)?

Sabiam que, no mundo inteiro, a esperança média de vida aumentou exponencialmente desde o início do Século XX?

Sabiam que, no mundo inteiro, nunca houve tão poucos casos de mortes maternas?

As bases para um Novo Mundo estão lançadas. Um Novo Mundo melhor, brilhante e livre, muito diferente do Novo Mundo do 1984, escuro e totalitário.

Para isso, temos de deixar de lado as ideologias, as diferenças, as quezílias, a desconfiança e dar lugar à cooperação, à virtude, à ética, à moralidade, à transparência. Espero que todos tenham tido a oportunidade de refletir sobre isto na quarentena e que coloquem na prática esses princípios daqui para a frente.

Esses são também os valores que a World Needs defende. É através desses que a mesma quer mudar o Velho Mundo para que este dê lugar a um Novo Mundo.

Namastê!

Rui

(Adapt)Ação neste tempo de pandemia

A forma de como passamos a olhar para o nosso dia a dia mudou, precisamente, porque fomos obrigados a fazê-lo. Uns mais cedo, outros mais tarde. Mas fácil se entendeu que acabou por ser unânime a conscientização de cada um de nós de que o COVID-19 veio mudar os nossos hábitos de vida. Talvez, e sem qualquer reserva, em alguns casos, para melhor.

Em pouco tempo ficou implícito, para o bem de todos, que o caminho a seguir teria de passar pelo confinamento à nossa habitação e pela adoção do distanciamento social. Ficamos reduzidos ao estritamente necessário, fazendo com que todos (ou a grande maioria) se obrigassem a parar. E talvez o mundo, com esta paragem que se sucedeu, acabou por entender o quão fundamental é o valor de um simples abraço ou de um carinho junto de quem nos é próximo. E que a pressa, muitas vezes, num corre-corre diário, nos afasta daquilo que é mais importante na nossa vida.

O contacto que era de fácil acesso deixou de o ser. Tornou-se digital. Deixou de ser palpável. Tivemos de nos adaptar às condições de um novo quotidiano que, entre a manhã e a noite, na sombra do mesmo tema, repetidamente, se ecoou. Ficamos preocupados e sensibilizados. Porque se trata do nosso povo e porque falamos do direito à vida que deve ser garantido a toda a humanidade. E não há dinheiro algum que pague a vida de um ser humano.

De entre os dados que nos chegam das entidades oficiais, surgem também sinais de esperança de heróis que, incansavelmente, nas várias frentes de batalha, dedicam o seu tempo para proteger, recuperar e salvar pessoas.

São eles agentes do setor alimentar, dos transportes, bombeiros, INEM, forças de segurança, auxiliares e técnicos das IPSS’s, profissionais de saúde, entre todos aqueles que diariamente trabalham para que não falte nada às famílias e para que tudo seja feito para ultrapassar as dificuldades de quem mais precisa. E aqui cabem todos, sem exceção.

Obrigado.